segunda-feira, 29 de agosto de 2011

CONTEXTUALIZANDO A MUDANÇA: da teoria à prática

Acredito que ser professor realmente é muito mais que dar aulas, já que isso  é impossível. “Dar” é um verbo que pode ser aceito ou não. Por isso acredito na construção, onde a partir das inter-relações e interações com o grupo, entre os colegas, cada sujeito irá construir sua própria aprendizagem, compreendendo os temas e conteúdos apresentados a partir da sua realidade e das inter-relações que estabelece com o mundo e com a sua vivência.
Neste sentido, o diálogo é a melhor estratégia para perceber os interesses e desejos dos alunos. Quais suas curiosidades,  suas dúvidas, suas certezas e, também, suas necessidades. Assim, elaborar uma aula, um projeto ou um caminho a seguir torna a aprendizagem mais rica, mais interessante, mais concreta e mais real. Os assuntos ou os conteúdos ficam mais próximos dos alunos, fazendo com que se apropriem de conceitos com naturalidade, já que conseguem conceber do que se tratam.
Ouvir o aluno, seus anseios, suas dúvidas e suas necessidades não é perda de tempo. Além de desenvolver a oralidade, que é o primeiro passo para a produção escrita, ou seja, onde o aluno organiza suas ideias para falar e expressar suas opiniões sobre as situações do seu cotidiano, o diálogo promove a interação entre os sujeitos envolvidos no processo ensino-aprendizagem, bem como possibilita a troca de ideia e a reflexão sobre as diferentes concepções a respeito de um mesmo tema.
O uso de tecnologias e a discussão sobre elas e o seu uso na vida moderna é uma forma de começar. Não são somente as tecnologias,  como Pedro Demo afirma, o professor “é a tecnologia das tecnologias”, e deve procurar desafiar os alunos. É o desafio que move a aprendizagem. Por isso o uso das tecnologias se torna tão interessante ao aluno, é o desafio da conquista, da busca pela superação, da descoberta. O aluno, a criança ou o jovem quando utiliza a tecnologia, não tem medo de errar, de mexer, de ver e de descobrir novos caminhos e, assim, de aprender.
A tecnologia não oferece uma linearidade, os textos se apresentam em rede, com links que levam por caminhos inusitados. É isso que motiva a aprendizagem. Por isso o trabalho por projetos possibilita a construção de aprendizagens, pois o aluno torna-se o autor, o protagonista do processo ensino-aprendizagem. O trabalho por projetos instiga a pesquisa em diferentes tipos de fontes, humanas ou tecnológicas para se construir hipóteses e conceitos.
Mas isso tudo não é novidade. A teoria está posta há muito tempo, o texto de Pedro Demo é de 2008, e mesmo antes disso já havia a discussão do trabalho por projetos.
No entanto, o trabalho por projetos desafia o professor, mobiliza a comunidade escolar, mexe com situações cristalizadas na escola e no pensamento de muitos que não querem a mudança, pois como está é mais cômodo. Além disso, a metodologia por projetos necessita de tempo de planejamento e de busca de materiais, de literaturas, de recursos, de pesquisa, fato que para muitos professores ainda está muito longe da sua realidade por diversos fatores.
A falta de tempo instituído no espaço escolar; os professores tem o tempo preenchido com a docência, sem tempo previsto para o planejamento é dos motivos que desanima o uso de projetos. Mas há também outros motivos. A própria escola muitas vezes é muito tradicional e a metodologia muitas vezes não é bem vista, porque exige mudança em toda estrutura e nas pessoas. A acomodação também é um fator que não pode ser deixada de lado, pois é uma realidade, e, ainda, a falta de conhecimento do uso da tecnologia, este sim é um fator considerável.
Muitos professores não tem acesso a tecnologia, pois estão na profissão a tempo, e não conseguiram ter uma formação na área devido a jornadas de trabalho extensas e falta de recursos para se atualizarem.
A teoria ainda está longe da realidade, ou a realidade está longe da teoria? O fato é que a mudança na escola ainda é devagar. Os equipamentos, algumas vezes são disponibilizados, mas a falta de entendimento sobre o uso e as possibilidades de uso ainda estão bem presentes.
Enquanto isso, a escola perde espaço para a tecnologia que é mais atraente que o professor com o giz e o quadro. Tecnologia que faz do usuário autor, enquanto a escola, na maioria das vezes, não ouve seu aluno, suas ideias e continua passando informações e conhecimentos sem sentido e sem autoria.

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